SOB O SOL DA TOSCANA: O FILME DA MINHA VIDA
Aviso - o texto pode conter spoilers
Eu amo filmes antigos e eles são praticamente 95% de tudo o que assisto, porém curiosamente o filme que mais amo nessa vida não é tão antigo assim e as pessoas estranham isso. Todo mundo tem um filme favorito, um filme especial, um filme que ama e que representa a pessoa. Um filme que está presente em nossas vidas, em todos os momentos, tanto nos bons, quanto nos ruins.
Conheci "Sob o Sol da Toscana", através de uma ex-colega de trabalho, isso em 2007. A gente conversava bastante e nossas conversas sempre caíam em nosso desejo de encontrar alguém para amar. Um dia ela comentou comigo sobre um filme chamado "Sob o Sol da Toscana" e em como ele era tão especial para ela. Fiquei bastante interessado pelo que ela me contou, mas fiquei mais ainda curioso quando ela disse que eu parecia muito com a protagonista desse filme: Frances.
Coincidentemente um tempo depois, ia passar esse filme de madrugada, naquela época eu não era tão familiarizado com downloads e afins e eu via muito filme de madrugada. No dia programado, o filme não foi exibido, fiquei bastante frustrado e mais curioso ainda em vê-lo. Decidi arriscar e comprei o filme sem nunca tê-lo visto e comprei um a mais para essa colega de trabalho. Lembro até hoje a reação dela quando o recebeu. Hoje não temos mais contato, cada um foi para seu lado, mas da nossa convivência, guardo esse filme como recordação e ela estava certa: me pareço muito com Frances. Fiquei muito emocionado quando o vi pela primeira vez e desde então se tornou um dos filmes que mais vi nessa vida, tendo uma época que eu o via todo mês. Acho que já vi mais de 30 vezes. Já sei os diálogos de cabeça.
Para quem ainda não assistiu, o filme fala sobre Frances Mayes, uma escritora que vive um casamento não muito feliz, porém ela vai levando. O mundo de Frances desaba quando ela descobre que seu marido possui um caso fora do casamento. O filme dá um salto e vemos Frances já caminhando para um divórcio e bem arrasada por sinal. Para ela, aquilo era o fim. Mas a gente que acompanha a história percebe que é um novo começo. Sua vida muda quando ela toma coragem e viaja para a Itália em uma excursão. Lá na Itália, na Toscana especificamente, ela se encanta por uma casa antiga "Bramasole". Mesmo com medo ela compra a casa e a partir daí ela começa uma reforma na casa e na sua vida. Ela reforma a casa no intuito de formar uma nova família e um casamento. No final do filme seus desejos são atendidos, mas não na forma que ela pediu, mas de um jeito mais especial ainda (essa é a minha parte favorita do filme, quando ela percebe que seus desejos foram atendidos, mas de uma forma que ela jamais poderia esperar e então ela descobre que é feliz).
Eu amo esse filme por ele nos mostrar que para cada fim, há um novo começo e que as coisas boas sempre vem com o tempo e que a vida nos oferece diversas oportunidades, cabe a nós termos a sensibilidade de enxergá-las e aproveita-las. Frances é uma personagem fácil de se identificar. Acho que todo mundo tem um lado Frances e às vezes tem medo de mudar o que lhe incomoda e sair em busca de novas emoções. Frances precisou passar por um divórcio e viajar para a Itália, para perceber que tudo o que ela precisava e buscava, estava o tempo todo dentro dela. Ela só precisou encontrar o momento certo para ativar aquilo e fazer a roda girar.
"Sob o Sol da Toscana" pode a princípio parecer um filme bobo, mas quanto mais a gente assiste ele, mais pegamos detalhes antes despercebidos e aprendemos grandes lições. Um dos detalhes que percebi, foi a relação de Frances com a torneira da casa. Uma parte que muitos não entendem até hoje. Quando ela chega na casa, após abrir a porta, ela já se defronta com a torneira e esbarra nela. Passado algum tempo, notamos que a torneira continua ali e pensamos que não possui ligação alguma com Frances ou com a história. Quando a reforma está perto do fim e Frances começa a se tornar uma nova pessoa, a torneira começa a pingar, dando sinal de que a qualquer momento sairá água dela e no final temos Frances frente a frente da torneira que está transbordando de água. A torneira e Frances estão interligadas. Quando Frances finalmente desabrocha, a torneira transborda, uma metáfora sobre o estado de espírito de Frances.
Outro ponto do filme são as homenagens e as referências ao cinema italiano. Foi graças a esse filme que conheci Fellini, Marcello Mastroianni, Cabíria, Mamma Roma, La Dolce Vida entre outros filmes fantásticos. A trilha sonora assim como o filme em si é leve e harmoniosa. Eu me sinto muito bem quando assisto esse filme e ele me motiva a continuar buscando aquilo que eu quero e procuro. Percebi que não preciso viajar para algum lugar para me encontrar, mas preciso saber me encontrar e fazer as coisas acontecerem e esse filme me ajuda bastante nisso. "Não corra atrás das joaninhas. Elas virão ate você" essa é uma lição importante.
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