LETTY LYNTON - O FILME "PERDIDO" DE JOAN CRAWFORD

Em 1932, Joan Crawford já gozava de grande popularidade e não precisava mais provar para ninguém que era uma boa atriz e uma grande estrela. Joan foi uma das atrizes que conseguiram sobreviver à prova de fogo da transição dos filmes mudos para os sonoros. Em 1931 fez "Possuída" (Possessed) ao lado de Clark Gable e o filme foi um grande sucesso. A dupla se reencontraria dentro e fora das telas outras vezes. Após "Possuída", Joan teve a chance de se reunir com grandes astros e estrelas da MGM no filme "Grande Hotel" (Grand Hotel), outro êxito em sua carreira, mesmo ela não brilhando completamente sozinha e dividindo as atenções com ninguém menos que Greta Garbo. 
Após "Grande Hotel", ainda em 1932, Joan estrelaria um filme que viraria lenda em Hollywood, pelas suas histórias fora dos estúdios: "Letty Lynton" (Redimida).
No filme, Joan interpreta a personagem título, uma socialite de Nova York, que vive no Uruguai, que tem um tórrido caso amoroso com Emile Renaul (Nils Ashter). Não satisfeita com o rumo do caso, Letty decide pôr um fim no romance, ao conhecer o americano Jerry Darrow (Robert Montgomery). Letty decide então esconder de Jerry o seu tumultuado passado, mas acaba sendo chantageada por Emile, que não se conforma com o fim do romance. Emile usa cartas que os dois trocavam, para tentar persuadir Letty a voltar com ele, porém Letty está disposta a pôr fim na própria vida, do que voltar para Emile. Na noite em que Letty decide pôr em prática seu plano de se suicidar, um acidente entre ela e Emile acaba ocorrendo e Letty acaba tirando proveito da situação e tem então a chance de ser feliz, sem se preocupar com seu passado.
A primeira história famosa, seria que Clark Gable a princípio faria o papel de Jerry, porém a MGM descobriu que durante as gravações de "Possuída", Gable e Crawford iniciaram um tórrido caso amoroso e para evitar um escândalo e também para puni-lo, decidiram colocar Robert Montgomery em seu lugar. Outra história famosa é o banimento do filme na Inglaterra, devido ao seu final. Muitos não aceitaram o final, onde a protagonista escapa ilesa de uma situação onde geralmente o público espera uma punição.
Mas nenhuma dessas histórias superaram o que ocorreu após o lançamento do filme e que de certa forma colaborou para construir sua fama de filme "perdido". Embora originalmente o filme tenha sido baseado na história de mesmo nome de Marie Adelaide Belloc Lowndes, que por sua vez se baseou na história real de Madeleine Smith, a MGM foi acusada de na verdade usar o texto da peça "Dishonored Lady", escrita por Edward Sheldon e Margaret Ayer Barnes, sem comprar os direitos ou dar créditos de adaptação. 
Tanto o romance de Marie Adelaide, quanto a peça de Sheldon e Barnes, foram baseados no caso de Madeleine Smith, que foi acusada aos 21 anos na Escócia, de envenenar seu amante, Pierre Emile L'Angelier. As cartas trocadas entre Smith e L'Angelier, foram divulgadas no tribunal, mas Madeleine acabou sendo absolvida, por falta de provas concretas. Mas muitos acham que Madeleine realmente envenenou seu amante, por estar cansada dele.
Os autores da peça moveram um processo e em 1936 uma decisão judicial favoreceu os autores e o filme foi retirado de circulação. Em 1939, uma nova decisão fez com que a MGM repartisse todos os lucros obtidos com o filme. Ainda em 1939, a MGM tentou recorrer da decisão de recolhimento do filme, porém não obteve sucesso e o filme original está engavetado até hoje. A película original se encontra nos cofres da MGM e só poderá ser exibida novamente em 2025, ano em que o filme entra em domínio público. Existem pela internet, cópias em baixa qualidade do filme e que ninguém sabe (ou não quer falar) como saíram dos cofres do estúdio.
"Letty Lynton" causou frisson também por causa do figurino desenhado por Adrian, que na época era o responsável em vestir as estrelas da MGM. O vestido bufante de Joan Crawford, fez sucesso entre as mulheres e foi uma das modas daquele ano. Joan ainda seria homenageada em uma passagem da novela "Dancin' Days", onde a personagem Julia Matos (Sônia Braga), usa um vestido semelhante ao usado por Crawford em "Letty Lynton"(no caso seria o vestido da foto abaixo). O filme teve fotos publicitárias de Joan Crawford, feitas no mesmo cenário do filme "Grande Hotel" e por causa disso, muitas pessoas confundem os figurinos usados por Joan Crawford, achando que ela na verdade os usou em "Grande Hotel".
Ironicamente, anos depois, precisamente em 1947, Edward Sheldon e Margaret Ayer Barnes, cederam a peça, para a United Artists produzir um filme homônimo, com Hedy Lamarr, no papel principal. Em 1950, David Lean, produziria um filme mais fiel à história de Madeleine Smith: "As Cartas de Madeleine" (Madeleine).
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2 Comentários

Obrigado por comentar!!!

  1. Não encontro as cópias que mencionou em lugar nenhum da internet.... Você tem uma pista?

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    1. É um filme bem difícil de ser achado.
      Talvez quando entre em domínio público ele seja mais acessível.

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