AS ATRIZES PRODUTORAS DO CINEMA MUDO

Norma Talmadge

Durante a era silenciosa do cinema, era comum que as atrizes tivessem um papel mais significativo na produção dos filmes. Algumas se envolviam em todos os aspectos relacionados aos filmes em que atuavam. Havia também aquelas que decidiam abrir suas próprias produtoras, buscando maior liberdade e espaço para expressar sua criatividade. Algumas até arriscavam-se na direção; um exemplo notável é Lillian Gish, que dirigiu um único filme chamado "Remodeling Her Husband", atualmente considerado perdido. Abaixo, apresento uma lista de algumas atrizes populares da época que não apenas atuavam, mas também produziam seus próprios filmes.

Conhecida como "A Queridinha da América", Mary Pickford, com seus cabelos cacheados, irradiava uma aura angelical em seus filmes, ao menos nas telas. Nos bastidores, revelava-se uma mulher de personalidade forte e ativamente envolvida em todos os processos dos filmes em que atuava. Em 1918, Mary tornou-se a atriz mais bem paga do cinema americano. Além de sua notável carreira como atriz, desempenhou um papel fundamental na fundação da United Artists, uma empresa cinematográfica que buscava promover a independência na produção de filmes.

Em seus contratos com os estúdios, Mary incluía cláusulas que lhe conferiam poder absoluto de decisão sobre a produção dos filmes em que estrelava. Adicionalmente, detinha controle sobre a distribuição de suas obras cinematográficas.

Gloria Swanson, uma das mais lendárias atrizes do cinema mudo, foi ousada ao se aventurar na produção de filmes. Em 1925, uniu-se à United Artists e produziu "Sedução do Pecado" (Sadie Thompson), baseado no conto "Rain" de 1921, escrito por W. Somerset Maugham. O filme foi um sucesso, rendendo-lhe uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz. Antes desse projeto, Swanson já havia produzido outro filme: "O Amor de Sunya" (The Love of Sunya), que, infelizmente, foi um desastre tanto nas bilheteiras quanto nas críticas.

Entre 1928 e 1929, ela produziu e protagonizou "Minha Rainha" (Queen Kelly), que, no entanto, tornou-se um fracasso de bilheteria. Em 1932, assumiu a direção de um final alternativo para o filme, visando um relançamento parcialmente sonoro. Ao longo de sua carreira como produtora, fundou três empresas cinematográficas: A Swanson Production Corporation, Gloria Swanson Productions e Gloria Productions, sendo esta última encerrada em 1930.

Além de atriz, Alla Nazimova, também conhecida simplesmente como Nazimova, desempenhava papéis como produtora, diretora e roteirista. Seus filmes eram marcados por doses de androginia, o que, na época, gerava incompreensão. No entanto, essas obras posteriormente ganharam reconhecimento como as primeiras manifestações artísticas no cinema.

Um exemplo notável desse trabalho é "Salomé", uma adaptação da peça de Oscar Wilde, que se destaca como a obra mais reconhecida de Nazimova. Além de produzi-lo, ela também o dirigiu, compartilhando a responsabilidade com Charles Bryant. O filme, por sua abordagem andrógina de uma história bíblica, estava à frente de seu tempo, resultando em fracasso de bilheteria e limitada distribuição, uma vez que os grandes distribuidores hesitavam em se associar à produção.

Os desafios enfrentados com "Salomé" levaram ao encerramento da carreira de produtora de Nazimova. Outro filme notável de sua produção é a versão de 1921 de "A Dama das Camélias", baseada na obra de Alexandre Dumas Filho. Nesta adaptação, ela transportou a narrativa para a década de 1920, explorando androginia e cenários em estilo Art Déco.

Norma e Constance Talmadge

Parcialmente esquecida nos dias atuais, Norma Talmadge foi uma das atrizes mais emblemáticas da era do cinema mudo, destacando-se como um dos nomes de maior bilheteria naquela época. Especializada em filmes dramáticos, sua carreira teve um capítulo marcante ao unir-se em matrimônio com o produtor de cinema Joseph M. Schenck. Juntos, eles fundaram com sucesso sua própria produtora, a Norma Talmadge Film Corporation, estabelecida em 1917, um ano após o casamento.

A produtora empenhou-se em criar filmes luxuosos, destacando-se pela qualidade de elenco, direção e figurinos. Em 1922, ela produziu "Morrer Sorrindo" (Smilin' Through), que se tornou o maior sucesso de sua carreira. Paralelamente, sua irmã Constance Talmadge, mais conhecida por suas atuações em comédias, aproveitou a oportunidade para fundar sua própria produtora, a Constance Talmadge Film Corporation. Especializada em comédias, a empresa também incorporou a classe e o luxo característicos da companhia de sua irmã.

Asta Nielsen é reconhecida como uma das primeiras estrelas internacionais do cinema. Originária da Dinamarca, construiu sua carreira na Alemanha, alcançando uma popularidade tão notável que passou a ser conhecida como "A Grande Asta". Apesar de seu sucesso na Europa, enfrentou dificuldades para conquistar o público americano devido à censura de seus filmes, considerados demasiadamente ousados para a audiência dos Estados Unidos.

Na década de 20, Asta Nielsen estabeleceu seu próprio estúdio em Berlim, consolidando ainda mais sua posição na indústria cinematográfica. Em 1921, provocou polêmica ao produzir uma versão de "Hamlet". Essa adaptação causou controvérsia ao introduzir diversas alterações na trama, incluindo a modificação do gênero do personagem principal. Na narrativa, Hamlet foi apresentado como uma mulher que vivia disfarçada como homem para assegurar sua sucessão ao trono. Essa ousadia gerou discussões e debates, evidenciando a perspicácia criativa e coragem de Asta Nielsen em desafiar as convenções cinematográficas de sua época.

Florence Turner, conhecida como "Garota Vitagraph", em referência ao renomado estúdio Vitagraph Studios, um dos primeiros e mais prolíficos estúdios do cinema mudo, deixou uma marca significativa em sua época. O apelido derivou-se da prática comum na época, em que os filmes não creditavam explicitamente os artistas, e o público associava principalmente as atrizes aos estúdios responsáveis pela produção.

À medida que Florence Turner conquistava popularidade e seu nome se tornava reconhecido pelo público, ela transcendeu as limitações impostas pela falta de créditos, tornando-se uma das primeiras estrelas do cinema. Sua influência foi além da atuação, pois começou a escrever os roteiros dos filmes em que estrelava e, em algumas ocasiões, também assumia a direção.

Demonstrando ainda mais sua versatilidade na indústria cinematográfica, Florence Turner fundou sua própria produtora, a Turner Films, sendo responsável pela produção de trinta curtas-metragens. 


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