CINEMATECA - A ESQUINA DO PECADO (1932)
"Back Street", foi um romance escrito pela novelista Fannie Hurst em 1931, gerando algumas adaptações para o cinema. A novelista foi responsável também pela autoria de "Imitation of Life", escrito em 1933. A primeira versão cinematográfica da obra literária, ocorreu em 1932, trazendo Irene Dunne e John Boles nos papéis principais, sendo dirigidos por John M. Stahl. Uma curiosidade sobre o diretor é que ele dirigiu também as primeiras versões de "Imitação da Vida" em 1934, e "Sublime Obsessão" (Magnificent Obsession) em 1935, posteriormente, ambos os filmes ganharam novas versões sob direção de Douglas Sirk, tornando-se sucessos de bilheteria, ofuscando as versões anteriores.
"Esquina do Pecado", conta a história de Ray Schmidt (Irene Dunne), uma jovem alegre, livre e totalmente diferente das outras moças de Cincinnati. Ela trabalha com seu pai e em um acaso do destino acaba conhecendo Walter Saxel (John Boles), ambos se apaixonam, mas Walter está comprometido e prestes a casar-se. O casal passa a ter um caso amoroso e encontram-se clandestinamente em uma esquina.
Walter então sugere que Ray conheça sua mãe na esperança de que o compromisso dele com a outra moça possa ser desmanchado, porém no dia que o encontro entre sua mãe e Ray é marcado, um imprevisto acaba fazendo com que Ray se atrase e elas não se conhecem. Após uma passagem de tempo, Walter e Ray reencontram-se: ele casado e com dois filhos e ela trabalhando, vivendo independente. Ray abre mão de sua liberdade e carreira para tornar-se amante de Walter, agora um homem de negócios.
Walter prioriza sua família, deixando Ray em um apartamento que ele lhe deu, onde ela fica à sua disposição. Sozinha e entediada, Ray nota que talvez tenha feito uma escolha errada e durante uma viagem de Walter à Europa, ela reencontra um antigo pretendente e decide casar-se com ele, porém Walter vai atrás dela e a convence a não casar-se. Os anos passam e mostram que o caso entre Walter e Ray é de conhecimento geral, até mesmo dos filhos, mas não da esposa.
Produzido durante o Pre-Code, espera-se um filme mais ousado, mas ele acaba indo pro lado melodramático, valorizando o talento de Irene Dunne, atriz bastante popular em filmes dramáticos durante a primeira parte da década de 30, na outra metade ela iria embarcar nas comédias screwballs, sendo mais lembrada por esses papéis do que por sua carreira em filmes dramáticos.
Por ser um filme da década de 30, não podemos esperar uma visão mais moderna, porém o filme pode ser visto em tom de discussão: o principal tema do filme é o papel da mulher como amante e a anulação que ela é obrigada a aderir para estar ao lado do homem que ama, tornando-se uma espécie de "sombra" dele e em como ela é julgada pelos demais e em como a responsabilidade do homem é totalmente anulada e transferida para a mulher em casos de infidelidade. Refilmado em 1941 com Margaret Sullavan e Charles Boyer e em 1961 com Susan Hayward e John Gavin nos papéis principais.