CINEMATECA - ONZE DA NOITE


Dirigido por Richard D. Maurice, que também atua em um dos papéis principais, "Onze da Noite" (Eleven P.M.) é um dos poucos clássicos sobreviventes do cinema afro-americano. O filme escancara a precariedade enfrentada por essas produções, como a falta de verba para investir em um elenco maior — em alguns momentos, um mesmo ator chega a interpretar três personagens diferentes, o que acaba confundindo a narrativa — e a ausência de um roteiro mais consistente.

A história começa com um escritor que recebe diversos convites para eventos marcados para as onze da noite. Ele está trabalhando em um texto sobre pessoas que se transformam em animais. Acaba adormecendo e sonha a trama de um músico que, no leito de morte de um amigo — um bandido —, promete cuidar da educação do filho dele, para que não siga o mesmo caminho. O criminoso lhe entrega uma quantia em dinheiro e morre em seguida. O músico é então roubado, mas, ainda assim, decide investir na educação da criança. Paralelamente, acolhe e se casa com uma jovem que foi expulsa de casa e do trabalho pela madrasta.

O músico envia o menino para a escola, sem saber que está sendo enganado por um suposto reitor, que na verdade é líder de uma gangue de golpistas e criminosos. O garoto cresce em meio à marginalidade e, já adulto, decide reencontrar o músico para lhe aplicar um golpe. A partir daí, a narrativa assume um tom melodramático, rocambolesco e com pinceladas de sobrenatural, em meio a um roteiro caótico e repleto de furos.

É necessária muita concentração para acompanhar o filme. Como mencionado acima, há atores que interpretam de três a quatro personagens diferentes, sem qualquer sinalização ou caracterização que os diferencie. Isso causa grande confusão e dificulta a compreensão da história.

Apesar de todos esses poréns, o filme merece ser visto por ser o único trabalho sobrevivente de Richard D. Maurice, que dirigiu apenas dois curtas e este longa. Mesmo com uma filmografia tão breve, Maurice é considerado um dos pioneiros do cinema afro-americano. Após encerrar sua carreira como cineasta na década de 1930, envolveu-se ativamente em sindicatos trabalhistas.

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