"Jamais Te Esquecerei" (I'll Never Forget You) é um dos filmes sobre viagem no tempo mais subestimados e esquecidos do cinema. Protagonizado por Tyrone Power e Ann Blyth, o longa alterna cenas em Technicolor e em preto e branco. Essa técnica — semelhante à utilizada em "O Mágico de Oz" — não era inédita à época, mas funciona aqui como um charme extra: o Technicolor é empregado nas sequências ambientadas no passado, enquanto o presente aparece em tom monocromático, reforçando o impacto visual e emocional.
Lançado em 1951 e dirigido por Roy Ward Baker, "Jamais Te Esquecerei" adapta a peça "Berkeley Square" (1926), de John L. Balderston. Tyrone Power interpreta Peter Standish, um cientista atômico americano que, após expressar o desejo de viver no século XVIII, acaba transportado misteriosamente para 1784 durante uma tempestade. Lá, é confundido com seu antepassado e mergulha em um mundo que fascina e ao mesmo tempo estranha, especialmente por sua postura moderna e suas ideias científicas, que despertam desconfiança entre os aristocratas.
O romance proibido surge quando Peter se vê dividido entre a prometida Kate Petigrew e a irmã dela, Helen, por quem realmente se apaixona. A relação, porém, é marcada pelo destino trágico: após ser acusado de comportamento insano e enviado ao hospício Bedlam, Peter retorna ao presente e descobre que Helen morreu pouco depois de sua internação.
A escolha visual de alternar preto e branco para o presente e Technicolor para o passado é um dos grandes trunfos da produção. O contraste não apenas distingue as épocas, como intensifica a sensação de deslumbramento vivida pelo protagonista ao mergulhar no século XVIII. Essa solução estética dá ao filme uma aura única, diferenciando-o de outros romances fantásticos do período.
A obra, no entanto, não surgiu do nada. Em 1933, Frank Lloyd já havia levado às telas "Romance Antigo" (Berkeley Square), estrelado por Leslie Howard e Heather Angel. Essa primeira versão também conta a história de um homem do século XX transportado para o século XVIII, mas com um tom mais contemplativo e poético. A performance de Leslie Howard foi amplamente elogiada, rendendo ao ator uma indicação ao Oscar.
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