MIRIAM HOPKINS - ALÉM DA RIVALIDADE COM BETTE DAVIS

Miriam Hopkins foi uma das grandes estrelas de Hollywood na década de 30. Era nome constante na era Pre-Code, estrelando alguns clássicos como "Ladrão de Alcova" (Trouble in Paradise), "Sócios no Amor" (Design for Living) e o polêmico "The Story of Temple Drake". Miriam também estrelou "Becky Sharp", o primeiro filme americano totalmente filmado em Technicolor de três cores, por sua atuação nesse filme, recebeu a sua única indicação ao Oscar. Mesmo tendo contribuído muito para a história do cinema, Miriam hoje está praticamente esquecida e quando lembrada, é mais pela sua famosa rixa com Bette Davis, do que pelo seu talento.
Nascida Ellen Miriam Hopkins em 18 de outubro de 1902, a princípio queria se tornar bailarina, mas um acidente em que quebrou o tornozelo, a fez investir na área de atuação. Na década de 20 chegou a ser corista. Já no final da década de 20, chamava a atenção dos críticos com suas performances no teatro. Em 1930, a Paramount lhe ofereceu um contrato, para estrelar alguns filmes. Miriam o assinou. No ano seguinte ao estrelar "O Médico e o Monstro" (Dr. Jekyll and Mr. Hyde) ao lado de Fredric March, causou polêmica, pois interpretava uma prostituta sem nenhum tipo de pudor. Por suas cenas consideradas ousadas para a época, Miriam sofreu com a imposição da censura em eliminar boa parte de sua participação no filme, mesmo assim Miriam conseguiu se destacar e recebeu críticas favoráveis ao seu desempenho.
A ascensão de Miriam viria definitivamente com "Ladrão de Alcova" de 1932, sendo dirigida por Ernst Lubitsch, que havia trabalhado com ela no ano anterior em "O Tenente Sedutor" (The Smiling Lieutenant). Em 1933 Miriam voltaria a trabalhar com Lubitsch em "Sócios no Amor", um dos filmes mais famosos da era Pre-Code. Após seu trabalho em "Sócios no Amor", Miriam recebeu um aumento salarial. No mesmo ano, Miriam voltaria a ser uma ameaça à censura ao estrelar "Levada à Força" (The Story of Temple Drake), que abordava de forma clara o estupro.
Em 1935, Miriam estrelaria o primeiro filme totalmente em Technicolor de três tiras (cores): "Becky Sharp" (Vaidade e Beleza). O filme em si causou curiosidade no público, pelo fato de ser totalmente à cores e também levantou questionamentos se dali pra frente todos os filmes produzidos, seriam à cores (o que demorou a acontecer). O filme acabou não fazendo muito sucesso, porém Miriam obteve a sua única indicação ao Oscar.
No ano seguinte, Miriam faria a primeira versão de "Infâmia" (These Three), baseada na peça de Lillian Hellman, o contexto da história foi totalmente modificado: ao invés dos rumores de um caso entre as professoras, o filme aborda os rumores de uma ter dormido com o noivo da outra. Mesmo com essa mudança, o filme fez sucesso e Miriam teve sua performance elogiada, porém foi esnobada pela Academia. Miriam era uma excelente atriz, porém tinha a fama de ser uma profissional bastante difícil de se lidar. Devido a seu gênio chegou a perder ótimas oportunidades de bons papéis como em "Aconteceu Naquela Noite", filme que ela recusou o papel principal e em "Ser ou Não Ser", onde Miriam se desentendeu com Jack Benny e acabou sendo afastada do projeto, sendo substituída por Carole Lombard. No fim da década de 30, a carreira de Miriam dava sinais de declínio, porém ela assinou um contrato com a Warner.
O contrato com a Warner de certa forma foi uma armadilha para unir Miriam e Bette Davis em um filme, com propósito de despertar um circo publicitário em torno da produção do filme. O filme em questão era "Eu Soube Amar" (The Old Maid) de 1939. Na época tanto Miriam quanto Bette foram recusadas para o papel de Scarlett O'Hara em "E o Vento Levou...". A tensão entre as duas foi forte, a ponto da Warner promover um ensaio fotográfico com as duas atrizes usando luvas de boxe. Elas voltariam a dividir o mesmo set em 1943, filmando "Uma Velha Amizade" (Old Acquaintance) e mais uma vez uma nova onda de tensão entre as duas surgiu.
Após "Uma Velha Amizade", ao ver que os papéis começavam a rarear, Miriam decidiu voltar aos palcos. Miriam só voltaria a fazer filme em 1949 em "Tarde Demais" (The Heiress), interpretando a tia de Olivia de Havilland. Em 1951, participou do remake de "Infâmia" (The Children Hour's) novamente sendo dirigida por William Wyler, fazendo o papel da tia de Shirley MacLaine. Cansada de interpretar tias no cinema, Miriam voltou suas atenções para a televisão, onde sua carreira teve uma sobrevida. Chegou a interpretar Norma Desmond em uma versão televisiva de "Crepúsculo dos Deuses" (Sunset Blvd.). Miriam permaneceu na ativa até pouco antes da sua morte em 9 de outubro de 1972, aos 69 anos, nove dias antes do seu 70º aniversário.
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