KAY FRANCIS - A ESTRELA ESQUECIDA

Kay Francis foi, sem exageros, uma das maiores estrelas de seu tempo. Foi considerada a primeira rainha da Warner, antes mesmo de Bette Davis. Chegou a ser uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood, porém não se sentia livre para escolher seus papéis. Após se rebelar contra o sistema imposto pela Warner, teve sua carreira sabotada e sofreu uma grande queda de popularidade. Desgostosa, acabou diminuindo seu ritmo de trabalho, já que deixou de ser a estrela principal e se tornou atriz coadjuvante, no ápice de seu talento. Com isso, passou anos no esquecimento e hoje é relembrada apenas por fãs que realmente conhecem o cinema clássico.
Seu real nome era Katharine Edwina Gibbs, nascida em 13 de janeiro de 1905. Filha de um empresário e de uma atriz que se separaram quando ela ainda era pequena, Kay adotou o sobrenome Francis, de seu primeiro marido, James Dwight Francis, com quem se casou aos 17 anos. O casamento não durou muito tempo e logo Kay estava divorciada. Após se divorciar, decidiu seguir os passos da mãe e se tornar atriz. Chegou a noivar e prometer largar a carreira de atriz em detrimento do casamento, mas sua promessa não foi longe. O noivado não deu certo e logo ela retornaria aos palcos.
Em 1928, Kay encenou uma peça ao lado de Walter Huston, que lhe indicou um teste de cinema. O teste deu certo e seu primeiro papel no cinema foi no filme "Algema Cruel" (Gentlemen of the Press), em 1929. A carreira de Kay começou a ascender e já no início da década de 30, ela era uma das atrizes mais populares da Paramount. Entre 1921 e 1931, ainda na Paramount, fez mais de 20 filmes, mas seria sua parceria com William Powell em cerca de 6 filmes, que faria com que Kay se tornasse uma das campeãs de bilheteria do estúdio. Foi eleita pela revista Variety como a sexta estrela mais popular de Hollywood.
Em 1932, Kay assinou contrato com a Warner, em troca de um salário maior. Na Warner, a carreira de Kay se fortaleceu, porém ela não tinha poder nenhum em escolher os seus papéis e muitas vezes fazia filmes e personagens que lhe desagradavam. Kay tinha uma imagem de estrela elegante entre seus fãs e a imprensa, e a Warner abusou desse recurso, colocando-a na maioria das vezes em melodramas onde ela estava exageradamente bem vestida e na maioria das vezes as atenções se voltavam para as roupas, do que para o desempenho da atriz. Tais fatores, começaram a irritar profundamente Kay, que prezava por uma imagem séria de atriz e buscava papéis desafiadores.
Kay decidiu se rebelar contra a Warner, processando o estúdio. Queria ter o poder de escolher e recusar seus papéis. Acabou perdendo a causa e foi severamente punida. Viu sua coroa de rainha do estúdio, ser passada para Bette Davis. Até ter seu contrato cancelado pela Warner em 1939, Kay amargou papéis coadjuvantes em filmes medíocres. Chegou a ter seu nome incluso na maldosa lista chamada "Venenos de Bilheteria", uma lista composta de atores e atrizes que rendiam prejuízo de bilheteria. A Warner chegou a alterar o seu ano de nascimento para 1899 nos registros, para que pensassem que ela era muito mais velha. Após sofrer o boicote da Warner e ter seu nome incluso na lista, a carreira de Kay Francis nunca mais seria a mesma. Ela não conseguiria firmar um contrato fixo com um estúdio.
Em 1939, Carole Lombard, uma das atrizes mais populares da época, decidiu atuar em um filme dramático chamado "Esposa só no Nome" (In the Name Only), ao lado de Cary Grant. Lombard sugeriu Kay para interpretar sua antagonista no filme e o resultado é uma das atuações mais brilhantes de Kay Francis, que mais uma vez foi sabotada, tendo seu desempenho completamente ignorado pela Academia, sem receber sequer uma indicação pelo trabalho.
Ao retornar de um trabalho voluntário durante a Segunda Guerra, Kay encontrou-se desempregada.  Assinou um contrato com um estúdio menor, que lhe permitia produzir três filmes. Os três filmes tiveram uma distribuição bastante fraca. Kay então decidiu voltar aos palcos, onde o boicote não era forte e conseguiu algum êxito, mas teve que abandonar os palcos após um acidente. Seu último filme foi "Wife Wanted" de 1946. Em 1966, Kay foi diagnosticada com câncer de mama. Chegou a ser operada, mas o tumor já havia se espalhado. Morreria dois anos depois, em 26 de agosto de 1968, aos 63 anos. Vivendo reclusa e solitária, deixou sua herança para uma instituição que treinava cães cegos.
Certa vez declarou:
"Um cão tem bondade em seu coração e dignidade em seu comportamento. As melhores qualidades que alguém pode ter."

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