J. WARREN KERRIGAN - A PRIMEIRA VÍTIMA DE HOMOFOBIA DO CINEMA MUDO


Hollywood foi fundada por mulheres, judeus e gays. Todos considerados "minorias". Quando o cinema passou a ser lucrativo, os homens que dominavam Hollywood, arrumaram um jeito de eliminar essas três tribos. Muitos deles passaram a trabalhar por trás das câmeras. A "discrição" tornou-se essencial para o homossexual que quisesse manter seu emprego naquela época e posteriormente. Atores e atrizes, ou até mesmo diretores, podiam viver sua sexualidade, desde que fosse de forma quase marginal, às escondidas. Se durante a década de 30, Cary Grant e Randolph Scott chocaram as pessoas ao dividirem uma casa, anos antes, ainda no cinema mudo, J. Warren Kerrigan, viu sua carreira findar-se por decidir não manter as aparências.


Seu nome de batismo era George Jack Warren Kerrigan, nascido em uma família rica e desde cedo expressou interesse pela atuação. Seus irmãos Kathleen e Wallace tornaram-se atores também. Sua estreia nos palcos ocorreu em 1897 e rapidamente tornou-se um dos atores mais talentosos de sua geração. Sua estreia no cinema, ocorreu em 1910, fazendo uma sequência de pequenos papéis. Em 1913, assinou um contrato com a Universal, graças a Carl Laemmle, o fundador do estúdio. 


Seu papel mais famoso no cinema mudo, foi no filme "The Covered Wagon", um faroeste. Sua carreira consistia em filmes de aventura, faroeste, além de dramas e filmes de mistério. Embora nos filmes de faroeste e aventura, ele desempenhasse papéis másculos, nos bastidores haviam relatos de que ele era afeminado e era tratado como motivo de chacota entre os membros da equipe. Há histórias de diversas práticas homofóbicas que foram feitas contra ele durante as gravações dos filmes. 


Uma declaração dada por ele em 1917, foi considerada por muitos anos, o motivo de sua queda em Hollywood: "Eu não vou para a guerra. Irei, é claro, se meu país precisar de mim, mas acho que primeiro eles deveriam levar a grande massa de homens que não servem para outra coisa, ou só são bons para os graus inferiores do trabalho. Atores, músicos, grandes escritores, artistas de todo tipo - é uma pena quando são sacrificadas pessoas que são capazes de tais coisas - de aumentar a beleza do mundo".


A declaração caiu como uma bomba sobre seus fãs e sua popularidade começou a cair em Hollywood, mas mesmo assim conseguiu um grande êxito ao estrelar "The Covered Wagon", considerado um dos grandes sucessos de 1923. Seu último papel no cinema seria em "Capitão Blood", interpretando o personagem principal, no ano seguinte.
 

Durante muitos anos, acreditou-se que a causa de sua queda em Hollywood devia-se ao fato de sua equivocada declaração, mas posteriormente, foi revelada que a causa principal de sua queda e posteriormente afastamento dos filmes, foi causada pela homofobia que ele sofria em Hollywood e pelo fato dele recusar-se a manter um casamento de fachada. Ele morava com sua mãe e vivia um relacionamento com  James Vincent e não fazia questão alguma em esconder isso. Vincent chegou a trabalhar em alguns filmes estrelados por Kerrigan e era também o seu secretário.


Kerrigan faleceu em 9 de junho de 1947, aos 67 anos. Seu parceiro de vida, James Vincent casou-se com Mitty Lee Turner, meses após o falecimento de Kerrigan. Vincent suicidou-se em 15 de março de 1948. Em 2001, durante a produção do livro "Behind Screen" (Bastidores de Hollywood, como foi lançado aqui no Brasil), familiares do ator confirmaram que a principal causa de sua queda em Hollywood foi por recusar-se a ter um casamento de fachada, além da ausência de um agente publicitário disposto a cuidar de sua imagem. Foi provado que mesmo ele dando uma declaração equivocada sobre o alistamento, ele havia se alistado em 1918.


Recortes de época.
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2 Comentários

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  1. Afastaram os judeus?? Todoa oa estúdios eram comandados.peloa judeus, Selznick, Mayer, etc

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    1. Os estúdios eram comandados, porém os judeus não eram representados nas telas.
      Vou deixar um trecho de uma reportagem e o link para você dar uma olhada:
      "Mas isso não significa que os filmes de Hollywood sejam abertamente judaicos em sua temática. "Um traço que une a geração dos magnatas judeus das primeiras décadas e os produtores de hoje é que elas mantêm uma absoluta discrição em relação ao judaísmo", afirma o autor. "Durante a década de 30, praticamente não havia nenhum judeu nas telas de Hollywood", lembra Gabler.
      Segundo ele, os judeus aparecem nas telas hoje tanto quanto negros, hispânicos e orientais, dentro do multiculturalismo liberal de Hollywood."

      https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/10/30/ilustrada/37.html

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