Desde sua estreia literária nas páginas de "Um Estudo em Vermelho", em 1887, Sherlock Holmes conquistou o imaginário popular como um dos personagens mais marcantes da ficção policial. Criado por Arthur Conan Doyle, o famoso detetive inglês logo ultrapassou as fronteiras dos livros e se tornou uma figura recorrente no teatro e no cinema. No período do cinema mudo, suas aventuras foram adaptadas diversas vezes, em produções britânicas, americanas e até alemãs, ajudando a moldar a imagem de Holmes antes mesmo do advento do som nas telas. Abaixo, reunimos os principais filmes mudos sobre o detetive, que ainda hoje fascinam fãs e estudiosos da sétima arte.
"Sherlock Holmes" (Sherlock Holmes, 1916)
Esta produção americana estrelada por William Gillette é baseada na peça teatral homônima que ele mesmo escreveu e interpretou no final do século XIX. O filme foi dirigido por Arthur Berthelet e produzido pelo estúdio Essanay. Por muitos anos considerado perdido, foi redescoberto em 2014 e restaurado em 2015. A importância histórica desta obra está no fato de preservar a performance de Gillette, que influenciou profundamente a iconografia de Holmes, com o famoso cachimbo curvo e a lógica meticulosa.
"As Aventuras de Sherlock Holmes" (The Adventures of Sherlock Holmes, 1921)
Nesta série britânica de 45 curtas-metragens, Eille Norwood interpreta Sherlock Holmes em dezenas de histórias baseadas nos contos originais de Conan Doyle. Produzida pela Stoll Pictures, a série se tornou uma das mais extensas representações do personagem na era silenciosa. Norwood foi elogiado pelo próprio Conan Doyle por sua caracterização precisa e contida do detetive. Alguns dos episódios mais conhecidos incluem "O Homem do Lábio Retorcido", "O Pé-do-Diabo" e "O Detetive Moribundo".
"O Cão dos Baskervilles" (The Hound of the Baskervilles, 1921)
Também estrelado por Eille Norwood e dirigido por Maurice Elvey, esta foi a primeira adaptação britânica para o cinema do romance mais famoso de Conan Doyle. A trama se desenrola nos pântanos de Dartmoor, onde uma antiga maldição ronda a família Baskerville. A produção, de clima gótico e atmosfera sinistra, é um dos destaques da fase silenciosa da filmografia de Holmes.
"Sherlock Holmes" (Sherlock Holmes, 1922)
Produzido pela Goldwyn Pictures, este longa norte-americano traz John Barrymore no papel de Holmes, em uma adaptação livre da peça de William Gillette. Com direção de Albert Parker, o filme retrata a juventude do detetive, suas origens e o primeiro grande caso que o transforma no mestre da dedução. Além da elegante atuação de Barrymore, o elenco inclui Roland Young como Dr. Watson e Gustav von Seyffertitz como Moriarty. O filme é um marco do cinema mudo americano e foi restaurado a partir de cópias incompletas, com trechos ainda ausentes.
"O Sinal dos Quatro" (The Sign of Four, 1923)
Outra adaptação britânica dirigida por Maurice Elvey e estrelada por Norwood, desta vez com Arthur M. Cullin no papel do Dr. Watson. Baseado no segundo romance de Conan Doyle, o filme narra a investigação em torno de um tesouro roubado, um pacto antigo e um misterioso aliado vindo das colônias britânicas. É considerado uma das versões mudas mais completas da história, combinando ação, mistério e um toque de exotismo.
"O Óculos de Ouro" (The Golden Pince-Nez, 1922)
Mais um dos episódios estrelados por Eille Norwood e recentemente restaurado pela British Film Institute. A produção foi exibida novamente em 2024, mais de um século após sua estreia original, em um evento especial que também trouxe de volta os curtas "Um Escândalo na Boêmia" e "O Problema Final". A história envolve um assassinato dentro de uma universidade e o uso de uma pista visual — um par de óculos — para resolver o mistério.
"O Cão dos Baskervilles" (Der Hund von Baskerville, 1929)
Esta versão alemã, dirigida por Richard Oswald, foi a última produção muda baseada nas aventuras de Sherlock Holmes. Carlyle Blackwell assumiu o papel do detetive nesta adaptação feita nos últimos anos da era silenciosa. O filme segue a mesma linha do original britânico de 1921, mas com estética expressionista e estilo visual mais sombrio, típico do cinema alemão da época.
Postar um comentário
Obrigado por comentar!!!