Sessue Hayakawa foi um dos grandes nomes da era do cinema silencioso, mas sua trajetória permanece como um marco na história cultural. Nascido no Japão e ativo em Hollywood desde 1913, ele se tornou o primeiro ator de ascendência asiática a alcançar o status de galã internacional, conquistando plateias nos Estados Unidos e na Europa em um período marcado por barreiras raciais e sociais. Sua presença nas telas, carregada de intensidade e magnetismo, abriu caminhos para representações que até então eram impensáveis.
O início de sua carreira foi marcado por produções como “The Typhoon” e especialmente “The Cheat”, dirigido por Cecil B. DeMille. Neste último, Hayakawa interpretou um amante proibido, papel que o transformou em símbolo sexual da época. Sua imagem de homem sedutor e perigoso, ainda que fruto de estereótipos, consolidou sua fama e o colocou entre os atores mais bem pagos de Hollywood.
Insatisfeito com os papéis limitados que lhe eram oferecidos, Hayakawa fundou sua própria produtora, a Haworth Pictures Corporation, onde pôde explorar narrativas mais complexas e personagens que refletiam sua visão artística. Filmes como “The Dragon Painter” revelaram sua busca por uma atuação mais contida e influenciada por uma estética menos melodramática — algo incomum no cinema mudo comercial da época.
Apesar do sucesso, seu valor como estrela começou a decair no começo da década de 1920. A partir daí, Hayakawa passou a trabalhar principalmente na Europa. Entre seus filmes no Reino Unido está “The Great Prince Shan”, uma de suas produções mais conhecidas no período europeu.
Com a chegada do cinema falado, Hayakawa retornou aos Estados Unidos em “A Filha do Dragão” (Daughter of the Dragon), ao lado da atriz Anna May Wong. No entanto, sua voz com sotaque limitou algumas oportunidades. Ele continuou a trabalhar esporadicamente, e após a Segunda Guerra Mundial conseguiu uma relativa retomada de prestígio.
Seu papel mais lembrado veio em “A Ponte do Rio Kwai” (The Bridge on the River Kwai), onde interpretou o Coronel Saito — atuação que lhe rendeu indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. No final da carreira, destacou-se ainda em “Swiss Family Robinson”, no papel do chefe dos piratas Kuala.
Sessue Hayakawa faleceu em 23 de novembro de 1973, em Tóquio, de trombose cerebral complicada por pneumonia. Embora muitos de seus filmes tenham se perdido, seu legado permanece vivo, inspirando reflexões sobre representatividade e memória cultural.

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